sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Autismo


O termo “autismo” refere-se às características de isolamento e auto-concentração a que o indivíduo se impõe devido aos problemas neurológico/cerebrais dos quais sofre ao nível da comunicação e das interacções sociais – comunicação verbal e não-verbal.


Associamos instintivamente esta doença a pessoas muito peculiares, que vivem isoladas no seu mundo, nas suas “ilhas” imaginárias, com muita dificuldade ou até incapacidade de estabelecer contacto com os outros mas com uma espécie de “dom” que lhes permite percepções invulgares da realidade e que não são facultadas às pessoas “vulgares” (como Raymond, no filme The Rain Man, que surge como um “sábio autista” capaz de dizer quantos fósforos estão numa caixa, sem ter tempo de os contar). Contudo, os autistas não são nenhuns mutantes super-heróis capazes de ver através das coisas ou ler o nosso pensamento, apenas as condições da sua mente permanecem um mistério para a Medicina e é essa a razão que nos leva a pensar que eles são capazes de muito mais do que mostram. Ninguém pode saber exactamente o seu alcance intelectual ou a sua compreensão a qualquer nível porque a maioria não fala e parecem também não ouvir. Mas um milagre, isso são. Um milagre de amor pelo carinho que muitos pais ou instituições neles depositam.

O autismo não é clinicamente fácil de analisar. Os doentes possuem as suas capacidades de comunicação seriamente afectadas, são frequentemente inacessíveis a tentativas de estabelecer contacto, produzem gestos estereotipados que não significam qualquer emoção em particular, não se concentram em actividades que eles próprios não pretendem, e é tudo isto que leva à complicação do processo de compreender até que ponto o seu cérebro está lesado e quais as hipóteses de reversão do problema.


O autismo não é simples de se lidar. São tão prováveis as demonstrações de carinho sem razão aparente como os acessos de raiva e intolerância ao contacto físico. Os autistas tendem também para, em diversas situações de pressão, infligir ferimentos a eles próprios, mordendo-se ou arranhando-se, por vezes sem parecer sentir qualquer dor.


Finalmente, o autismo não é curável. Nos casos mais graves, tal como foi dito, desconhece-se geralmente a gravidade das lesões que variam de doente para doente (sendo o seu comportamento também completamente diferente) assim como a capacidade de recuperação. Alguns autistas conseguem obter algumas faculdades de raciocínio e metodologia de movimentos porém, a maioria inclina-se a regredir ao longo do tempo e nunca chegar a ser capaz de exercer qualquer profissão na idade adulta.

Existem vários graus de autismo, alguns dos quais são até muito pouco evidentes.


Vale também a pena mencionar que, apesar de os autistas não possuírem poderes extraordinários como por vezes pode ser hiperbolizado na ficção, são conhecidos casos em que os indivíduos revelam aptidões excepcionais em determinada área, apesar dos atrasos no desenvolvimento intelectual, os chamados por Kanner de “Ilhas de Inteligência”.

E o facto de eles viverem neste mundo só seu, esta terra misteriosa por assim dizer onde só eles mesmo entram e da qual são donos, é o que desperta tanto interesse e tanta vontade de tentarmos nós também desvendar os segredos da verdadeira “Terra do Nunca”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na Terra do Nunca. Bonito titlo para o vosso blogue.

Gostava de ver comentários aos vossos artigos.

Voltarei