sábado, 2 de fevereiro de 2008

A Festa de Carnaval

Dia 1 de Fevereiro, realizou-se a festa de Carnaval da Instituição da Imaculada Conceição. Foi uma óptima oportunidade para estudar o comportamento das crianças autistas em comparação com outras crianças.
Quando lá chegámos as crianças estavam felicíssimas. Cada uma tinha a sua máscara de Carnaval e a primeira impressão que se tinha é que estavam a adorar a sensação de liberdade de não estarem o dia todo em salas de aulas. A euforia era tal que quando chegámos todas vieram ter connosco e já nem conseguíamos distinguir quem era quem.
Passado o primeiro impacto pudemos constatar que o entusiasmo não era partilhado por todos. A maior parte dos “nossos” autistas estava nos cantos, muito concentrados em si próprios e nos seus costumes carnavalescos, estabelecendo pouca, ou nenhuma, relação com os outros. Quando tentámos contactar com eles ignoram-nos, rejeitaram-nos e alguns deles mostraram-se tão apegados às brincadeiras de Carnaval, que não nos deixaram chegar perto delas. No entanto, pareceram-nos mais felizes que nunca e demonstravam-no com o seu comportamento mais efusivo do que o normal (davam pancadinhas ritmadas nas paredes e nas cadeiras, corriam e saltavam e alternavam repentinamente entre estados de apatia e de actividade).
Contudo nem todos tinham esta atitude. Alguns deles deixavam que nos aproximássemos deles e davam-nos atenção. Outros eram eles próprios que nos procuravam e se mostravam interessados em interagir connosco. Chegámos mesmo a conseguir que um deles, que aparentemente não tem a fala desenvolvida, respondesse a uma pergunta nossa.
Quando a festa acabou acalmaram e não mostraram resistência em voltar para as salas de aula.
Concluímos que as crianças autistas estão muito mais dispostas aos estímulos se não estiverem pressionadas a manifestar as suas aprendizagens e se estiverem felizes.

2 comentários:

. disse...

Muito bem Ana Rita. Será um gosto ver este blog actualizado. Se me é permitido um conselho, e uma vez que contactam com vários meninos autistas, aprofundem o facto de todos serem diferentes, ainda que todos possam ter um grau de autismo. Para muita gente que está de fora, os autistas são todos iguais ou parecidos, o que não podia estar mais longe da verdade. Mesmo com determinadas características, eles nada têm de igual. São únicos na sua personalidade. Falem de cada um dos vossos meninos. Do que têm de positivo e daquilo que precisa ainda de ser trabalhado. Cumprimentos! Isa. www.soucomotu.blogspot.com

Anónimo disse...

"Quando a festa acabou acalmaram e não mostraram resistência em voltar para as salas de aula."

Voltaram com satisfação à sua rotina.

O autista aceita facilmente a rotina e entra em stress quando sai dela.

Para interagirmos com um autista -regra geral- temos que ser suaves e captar a sua atenção devagar. Se nos formos chegando hoje, amanhã, depois, já nos incluem no seu reservado circuito. Depois passamos a fazer parte integrante deles!

saudações amigas