quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

As nossas visitas

Desde Outubro que estamos a trabalhar com o Instituto de Surdos-mudos da Imaculada Conceição e temos realizado diversas visitas, tanto no âmbito do nosso trabalho como por voluntariado.
Não é só a dimensão profissional que nos compete mas principalmente a faceta humana desde projecto que é aquela que mais procuraremos desenvolver e transmitir durante e no final. E realmente, podemos dizer que todo este tempo que temos passado com as crianças tem sido uma janela que nos permite ver outras realidades e comunicar com o outro lado de nós que tem consciência de não viver numa sociedade perfeita de igualdade.

No primeiro dia em que chegámos, estávamos pouco familiarizadas com o espaço e com as pessoas. A Irmã Ana Rosa e a educadora Didi mostraram-se sempre simpáticas e muito prestáveis em mostrar-nos as salas, as crianças e as actividades que elas desenvolviam bem como o seu historial familiar e de saúde.
De início, foi um pouco complicado lidar com uma situação em que as crianças – ao invés da maioria que corre para nós, fala, olha, comenta – simplesmente parecia não nos dar qualquer tipo de atenção. Olhavam-nos de lado, não falavam. Sentimo-nos desconfortáveis, como se a nossa presença não importasse para eles. Não reagiam ao nosso toque, às nossas palavras, não nos conheciam nem pareciam interessados em fazê-lo.


Com o avançar do tempo, começámos a adaptar-nos. Aprendemos os seus nomes e alguns traços da sua personalidade. Sentimo-nos progressivamente mais confiantes em ajudá-los nas suas tarefas e sentimos também que eles começam a conhecer-nos. Continuam a não nos olhar nos olhos e a sua mudez é profunda. No entanto, é perceptível que eles sabem que estamos ali e que estamos com eles. Deixou de nos fazer tanta confusão os seus gestos estereotipados, os seus gemidos ou ataques de fúria ou de preguiça sem razão aparente, coisas que ao princípio nos assustaram um pouco.

Hoje, sentamo-nos com eles e participamos nos seus jogos, fazemos-lhes festas ou falamos com eles e vemos que eles estão a entender o que se passa, que aquilo é para eles e que somos amigas, não estranhas.
Esta estreita relação é muito importante no nosso trabalho e queremos desenvolvê-la mais e mais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pelo vosso trabalho.

saudações