sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Instituto de Surdos da Imaculada Conceição

Com o intuito de termos um contacto mais próximo com crianças autistas e percebermos melhor como é o comportamento destas crianças na prática temos realizado algumas visitas ao Instituto de Surdos da Imaculada Conceição. Sempre que lá vamos a Irmã Ana Rosa (directora pedagógica do local), bem como os outros professores, recebem-nos de braços abertos e dão-nos todo o apoio necessário.
Este Instituto existe, em Portugal, desde 1933 e é dirigido pela Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada. Recebe crianças e jovens surdos ou com perturbações do espectro do autismo, entre os 3 e os 18 anos. A educação dada aos alunos equivale ao ensino básico e visa a sua integração na sociedade. É uma instituição particular de solidariedade social sem fins lucrativos, pelo que a os donativos e patrocínios são muito importantes para a manutenção do local, já que os subsídios do Ministério da Educação e da Segurança Social são muito baixos.
Quanto à prática pedagógica, as metodologias utilizadas são o Método Oral, para desmutização dos alunos e o Método das Salas de Teacch, direccionado especificamente aos autistas. Este método consiste em salas organizadas em locais nos quais em cada um se realiza uma actividade diferente (como por exemplo, existe o cantinho para desenhar, o cantinho de floricultura…). Cada aluno tem um cartão com o seu nome, o qual pode ser colado na parede e o objectivo é que cada aluno realize transições com os cartões conforme as actividades que vai realizando, ou seja, se um aluno está a realizar uma actividade de pintura então coloca o seu cartão no local onde se realizam actividades de pintura, quando acabar a actividade pega no seu cartão e leva-o para o sítio onde se irá realizar próxima actividade. Com este método organizado as crianças compreendem quando começam e acabam uma actividade, e passam a associar os locais a uma certa actividade, de modo que compreendem melhor o que se espera que façam em cada altura.
Nas nossas visitas, para além de contactarmos com as crianças e as ajudarmos nas actividades, iremos também filma-las, tendo em vista a reportagem final.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

That was a ten




Cada pequeno gesto faz-nos acreditar que é possivel chegar a este mundo...

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Reportagem sobre o Autismo (em inglês)



Pedimos desculpa por não haver legenda mas a reportagem está muito boa. Qualquer dúvida comuniquem-na por favor.
Obrigada,

O Autismo


O termo “autismo” refere-se às características de isolamento e auto-concentração a que o indivíduo se impõe devido aos problemas neurológico/cerebrais dos quais sofre ao nível da comunicação e das interacções sociais – comunicação verbal e não-verbal.


Associamos instintivamente esta doença a pessoas muito peculiares, que vivem isoladas no seu mundo, nas suas “ilhas” imaginárias, com muita dificuldade ou até incapacidade de estabelecer contacto com os outros mas com uma espécie de “dom” que lhes permite percepções invulgares da realidade e que não são facultadas às pessoas “vulgares” (como Raymond, no filme The Rain Man, que surge como um “sábio autista” capaz de dizer quantos fósforos estão numa caixa, sem ter tempo de os contar). Contudo, os autistas não são nenhuns mutantes super-heróis capazes de ver através das coisas ou ler o nosso pensamento, apenas as condições da sua mente permanecem um mistério para a Medicina e é essa a razão que nos leva a pensar que eles são capazes de muito mais do que mostram. Ninguém pode saber exactamente o seu alcance intelectual ou a sua compreensão a qualquer nível porque a maioria não fala e parecem também não ouvir. Mas um milagre, isso são. Um milagre de amor pelo carinho que muitos pais ou instituições neles depositam.

O autismo não é clinicamente fácil de analisar. Os doentes possuem as suas capacidades de comunicação seriamente afectadas, são frequentemente inacessíveis a tentativas de estabelecer contacto, produzem gestos estereotipados que não significam qualquer emoção em particular, não se concentram em actividades que eles próprios não pretendem, e é tudo isto que leva à complicação do processo de compreender até que ponto o seu cérebro está lesado e quais as hipóteses de reversão do problema.


O autismo não é simples de se lidar. São tão prováveis as demonstrações de carinho sem razão aparente como os acessos de raiva e intolerância ao contacto físico. Os autistas tendem também para, em diversas situações de pressão, infligir ferimentos a eles próprios, mordendo-se ou arranhando-se, por vezes sem parecer sentir qualquer dor.


Finalmente, o autismo não é curável. Nos casos mais graves, tal como foi dito, desconhece-se geralmente a gravidade das lesões que variam de doente para doente (sendo o seu comportamento também completamente diferente) assim como a capacidade de recuperação. Alguns autistas conseguem obter algumas faculdades de raciocínio e metodologia de movimentos porém, a maioria inclina-se a regredir ao longo do tempo e nunca chegar a ser capaz de exercer qualquer profissão na idade adulta.

Existem vários graus de autismo, alguns dos quais são até muito pouco evidentes.


Vale também a pena mencionar que, apesar de os autistas não possuírem poderes extraordinários como por vezes pode ser hiperbolizado na ficção, são conhecidos casos em que os indivíduos revelam aptidões excepcionais em determinada área, apesar dos atrasos no desenvolvimento intelectual, os chamados por Kanner de “Ilhas de Inteligência”.

E o facto de eles viverem neste mundo só seu, esta terra misteriosa por assim dizer onde só eles mesmo entram e da qual são donos, é o que desperta tanto interesse e tanta vontade de tentarmos nós também desvendar os segredos da verdadeira “Terra do Nunca”.

Quem somos?

Nós somos três alunas do 12º ano de escolaridade.
No âmbito da disciplina de Área de Projecto decidimos fazer um projecto relacionado com o autismo, mais concretamente com crianças autistas.
Apesar de o objectivo ao início ter sido encontrar um tema que se enquadrasse com os nossos interesses profissionais futuros, acabamos por escolher um tema que pensamos que nos irá enriquecer mais a nível pessoal, embora não esteja completamente desencontrado daquilo a que aspiramos como profissão para mais tarde.
O nosso trabalho tem como objectivo dar a conhecer a realidade do autismo. O projecto final será uma espécie de reportagem que retratará a vivência destas crianças, tentaremos entrar nos pequenos mundos em que estas se fecham e, quem sabe, desvendar alguns dos seus segredos.
Neste blog iremos expor o trabalho desenvolvido por nós ao longo do tempo até à criação do produto final, as informações que vamos obtendo, aquilo que vamos aprendendo, as nossas experiências, o relacionamento com as crianças, a evolução, ou não, dos seus comportamentos, mas, principalmente, este blog vai dar voz a estas crianças e a quem diariamente lida com elas.